Sábado ultimo, dia 10, recebemos na Academia de Letras do Vale do Iguaçu, o confrade Fernando Tokarski, de Canoinhas, para uma interessante palestra.
Ilustrada com vídeos caricatos, o título já era comprometedor: “Bestiário Político do Contestado”.
Experiente historiador, grande conhecedor do episódio efervescente de lutas nessa região, o palestrante abordou a lado cômico de alguns políticos em certas ocasiões.
Hoje com percalços que redundam das esferas mais altas dos governantes, embora tenhamos muitas exceções pois temos os que são respeitados tal a consciência política que adotam, pensando em coletividade, o tema da palestra suscitou o auditório a interagir com revelações hilariantes de políticos.
Minha memória estendeu-se então para o trabalho de supervisão escolar que realizei nos municípios litorâneos do Paraná.
Seis municípios, sempre com parcos recursos para administrar, o mandatário raramente se encontrava na prefeitura. Era um seu assessor que atendia o expediente.
Meu compromisso era o de ter reservado um dia semanal para cada município. Como eram seis, a semana de cinco dias uteis, no sábado havia rodízio para atender um e outro.
Certa feita, depois de várias e infrutíferas idas a determinado município, experimentei dedicar-lhe um sábado. Certamente não seria um dia útil para a prefeitura, mas o prefeito estaria em sua residência.
Final de ano, dia de sol tórrido, abafado, a guarida encontrei na sombra de uma frondosa árvore, onde deixei o carro.
Cerca com portão fechado, depois de palmas e palmas uma senhora assumiu a janela.
– Oi dona, meu marido chego de viage já era madrugada e agora tá discansando e eu to fazendo fachina.
– Tudo bem, espero lá no carro e volto em uma hora, está bem?
Hora e meia depois retornei ao portão.
Dessa vez, recebida pelo próprio mandatário que gentilmente convidou-me a entrar.
Na sala de visitas, sentados, conversa vai e vem, fui explicando os motivos pelo qual num sábado, fui procurá-lo em sua residência.
De todas as solicitações uma era premente: colocar coberta no antigo mercado municipal, que servia agora para salas de aula. Aula a céu aberto.
O cidadão ouviu tudo e depois de grande suspiro exclamou:
– Ano que vem tem eleição.
Com as mãos erguidas a altura do rosto, palmas para dentro, afastadas uma da outra, por mais ou menos meio metro, desabafou:
– Vou deixar um “pepino” desse tamanho para meu sucessor…
E encerrou o assunto. Realmente o “pepino” ficou para seu sucessor e para alguns que depois vieram.
Num outro município caminhando pelo asfalto quente, tão quente que dava para “cozinhar um ovo” como diziam, fui a prefeitura, num dia útil falar sobre determinada escola, cujas torneiras estavam secas e brilhantes pelo desuso. Contas atrasadas?
Manutenção do aparelho hidráulico?
Enfim era necessário solucionar o problema.
Na prefeitura, um assessor informou-me:
– O prefeito está em sua casa.
Encarando os fortes raios do astro rei dirigi-me a residência onde deveria encontrá-lo. Ledo engano.
Uma pessoa me atendeu para informar que o prefeito estava trabalhando.
Retornando a prefeitura procurei interpelar a mesma pessoa de antes, justificando meu infortúnio por não encontrar o senhor prefeito em casa.
Um tanto quanto tímida a pessoa interrogou:
– Em qual das casas a senhora foi?
Esses apenas alguns fatos ligados a políticos que penso, são hilariantes.
Depois de tantos anos, considerando o que se passa hoje em termos de governo, julgo ser interessante lembrar a política com políticos hilariantes e não a política com políticos corruptos…